China abre mercado gigantesco para o etanol
Postado em: 3 de outubro de 2019 - Categoria: Notícias regionaisO ano de 2020 tende a ser promissor para a indústria brasileira de etanol.
Em janeiro próximo entra em vigor a Política Nacional de Biocombustíveis, ou RenovaBio.
Trata-se de programa de Estado que, em síntese, reduz as emissões de gases poluentes por meio do maior consumo de biocombustíveis.
As projeções menos otimistas estimam que a substituição de combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, por biocombustíveis, como etanol e biodiesel, exigirá uma produção extra de 20 bilhões de litros ao ano a partir de 2030.
Mas o setor produtivo brasileiro terá outra boa notícia em 2020 vinda da China.
O governo chinês decidiu oficializar a mistura de 10% de etanol à gasolina nos veículos novos. É um mercado que em pouco tempo se tornará gigantesco.
A frota em circulação na China é avaliada em 240 milhões de carros, mas o plano é chegar a 500 milhões em menos de uma década.
Para dar conta dessa demanda, a China precisará de 15 bilhões de litros de etanol por ano, segundo projeções de consultorias especializadas.
Abertura de mercado
Oficialmente, o governo chinês, por meio de estatais, admite ampliar a produção local de atuais 3,5 bilhões de litros para até 9,5 bilhões de litros por ano.
Esse ganho de produção seria por meio de cinco novas usinas de etanol a serem implantadas em cinco anos pela estatal chinesa State Development & Investment Crop (SDIC).
De todo modo, mesmo que a produção local chinesa chegue a 9,5 bilhões de litros anuais em cinco anos, faltarão 5,5 bilhões de litros por ano.
O etanol brasileiro pode atender a essa demanda.
“Com a adição de 10% de etanol na nova frota de veículos da China irá crescer ainda mais a exportação brasileira para aquele país, que é o principal consumidor do agro brasileiro”, disse o governador de São Paulo, João Dória, em recente evento de comemoração dos 100 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB).
Fornecer tecnologia
Além da abertura do mercado de etanol, o setor sucroenergético do Brasil tem plenas condições de fornecer tecnologia de ponta para a ampliar a indústria chinesa.
Em agosto último, representantes do governo paulista e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) integraram a Missão China 2019, com a meta de apresentar aos chineses oportunidades de investimento disponíveis no estado e ampliar as relações comerciais com o mercado chinês.
Integrante da comitiva, Gustavo Junqueira, secretário da Agricultura do Estado de São Paulo, declarou, em entrevista, que há intenção de “estabelecer uma parceria Brasil-China para testar carros brasileiros flex fuel e, também, estudar a transferência de tecnologia de produção do etanol de cana e de milho.”
“Desde o lançamento do carro flex, em 2003, 535 milhões de toneladas de CO2eq foram deixadas de ser lançadas na atmosfera por conta do etanol hidratado e anidro, adicionado na proporção de 27% à gasolina. E isso também pode acontecer em outros países”, explicou Evandro Gussi, presidente da UNICA, integrante da comitiva multisetorial.
Riscos no caminho
Mas há possibilidades de riscos para o setor sucroenergético brasileiro em meio a este cenário.
Um deles é representado pela indústria de etanol de milho dos Estados Unidos.
Ela poderá ajudar a suprir a demanda chinesa de biocombustível e, também, fornecer tecnologia para a implantação de unidades produtoras.
Mas as recentes crises políticas, entre os governos dos dois países, geram insegurança sobre negociações.
Há possibilidades de tarifas de importação serem implantadas e afetarem o etanol americano e o fornecimento de tecnologia e de equipamentos.
O setor sucroenergético brasileiro movimenta-se diante a incerta relação entre EUA e China. Um exemplo foi a Missão China realizada em agosto.
Já outro exemplo, mais indireto, é a entrada em vigor do RenovaBio, que deixará o Brasil na liderança mundial como exemplo de país que irá reduzir as emissões de gases poluentes nos transportes por meio de biocombustíveis como o etanol.
A aguardada projeção mundial do RenovaBio certamente ajudará a transparecer aos chineses que o etanol de cana brasileiro deve ser o principal candidato a suprir a futura demanda local do biocombustível.
Por: Delcy Mac Cruz